domingo, 28 de agosto de 2011

Enchentes - o pesadelo das “cidades impermeáveis”


de Robinson Dias | Segunda, 2 de Março de 2009
As enchentes que abalam grande parte das metrópoles brasileiras nos dias de hoje são resultado de um longo processo de modificação e desestabilização da natureza por forças humanas, que acompanha o crescimento rápido e não planejado da maior parte da grandes cidades no Brasil.
Antigamente, as várzeas (margens dos rios ) faziam o controle natural da água. O solo ribeirinho era preparado para ser inundado nas épocas de cheia, absorvia boa parte da água que transbordava e utilizava seus nutrientes. Hoje, quase todas as várzeas na região metropolitana se encontram ocupadas. Também uma imensa área ao redor dos rios foi impermeabilizada pelo concreto, o que aumenta o volume de água a ser escoado.



Os piscinões viriam substituir uma das funções das antigas várzeas, que é aliviar o quadro de inundações nos picos de cheia. O grande problema é que os ecossistemas associados às regiões ribeirinhas foi extinto quando o ser human
o construiu nelas. Hoje, não há condições para a vida nos rios das grandes metrópoles. A bióloga e professora da Umesp, Waverli Neuberger, acredita ser possível que rios como o Pinheiros e o Tietê voltem a ter peixes. Para tanto, explica ela, “seria preciso não apenas despoluir as águas, mas desapropriar as áreas de várzea para tentar resgatar seu ecossistema, essencial à vida dos mesmos”.
Outro fator agravante das enchentes é a retificação dos rios. Na natureza, os rios com considerável volume de água são curvilíneos, ou seja, caminham como uma serpente. Esse trajeto diminui de forma considerável a velocidade da água. Retificá-lo significa aumentar sua velocidade, o que agrava a situação nos pontos de estrangulamento (conversão de águas).
Piscinões. Afinal, do que se trata?
A construção de piscinões faz parte do Programa de Combate às Inundações do rio Tamanduateí, uma iniciativa do governo do Estado de São Paulo em conjunto com os municípios para amenizar o problema das enchentes.
O Governo do Estado mapeia as áreas estratégicas, projeta os piscinões , os municípios se encarregam de desapropriar a área e o estado constrói. Já há seis em funcionamento só na cidade de São Bernardo do Campo: AC1, TNC, TN5, TN7, TN2 e TN3. “A principal função da obra é amenizar os picos de cheia. Sempre construídos a montante (acima) dos locais onde ocorrem enchentes pontuais e próximos aos rios, os piscinões captam a água que ficaria empoçada na cidade, despejando-a pouco a pouco nos rios”, explica Jair Emídio, assistente técnico do SO1, departamento da prefeitura de São Bernardo do Campo, responsável pelos reservatórios de água. Há também lâminas d’água que controlam o nível desta nos rios. Quando o último ultrapassa limites seguros, ela é despejada nos piscinões. O processo evita tanto enchentes nas regiões ribeirinhas quanto nas situadas abaixo dos córregos fluviais.

Os piscinões, no entanto, são apenas parte da solução para o problema das enchentes. Emídio conta ainda que toda a Grande São Paulo sofre com cheias pontuais provocadas por bueiros e galerias entupidos com lixo jogado pela própria população da metrópole. Detritos orgânicos são os principais responsáveis pela proliferação de ratos e doenças associadas a estes. Conscientizar a população de que a principal vítima do descuido com o espaço público é ela mesma é parte do Programa de Combate às Inundações.
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